Em directo

Em Portugal, nada parece acontecer até às 20 horas de cada dia. Sucedem-se, neste instante, as conferências de imprensa “em directo”, sem intervenção jornalística: os repórteres limitam–se a estender os microfones. E já nem arriscam perguntas, na certeza antecipada de não haver respostas. É uma esquizofrenia tipicamente portuguesa. Que só perdura por culpa exclusiva das nossas televisões. Na ânsia do “directo”, fornecem tempo de antena gratuito a qualquer um. Que tanto pode ser o primeiro-ministro como o presidente do Benfica, tanto pode ser o presidente demissionário da Câmara de Lisboa como o director da cooperativa que "dirige" a Universidade Independente, tanto pode ser o líder do PSD como um indivíduo barricado não sei onde a reivindicar não sei o quê. O circo continua. Sempre com hora marcada: as oito da noite. Antes da telenovela.

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